26 de janeiro de 2011

Retrocesso no Ministério da Cultura

A campanha para a eleição da presidenta Dilma mobilizou muitos artistas e intelectuais. Apesar de algumas críticas à gestão do MinC nos oito anos do governo Lula, todos entendiam que enormes conquistas foram realizadas e deveriam ser ampliadas, principalmente no campo dos direitos autorais, relacionado de modo direto à cultura digital. No entanto, fomos desagradavelmente surpreendidos com a indicação para essa pasta de uma artista obscura, Ana de Hollanda (a irmã de Chico ou a filha de Sérgio Buarque de Hollanda), que não tinha experiência de gestão e que já nas primeiras horas iniciou um grave retrocesso em todas as áreas da produção, preservação, circulação de bens culturais hoje no Brasil. Sua visão é nitidamente mercadológica.
A escolha de Gilberto Gil por Lula foi um marco, pois trouxe para a cena da gestão cultural um artista genial, de grande importância para a música brasileira, que se revelou um gestor muito criativo. Além disso, Gil é negro e baiano, e há um peso político nesses dados. A escolha de Dilma vai na direção oposta, coloca no centro da cena um nome inexpressivo, ligada à Globo e ao ECAD (veja suas indicações para o segundo escalão), que nega todos os debates amplos e democráticos promovidos pela gestão Gil e Juca. É preciso que todos se manifestem, para recuperarmos o espaço ameaçado pela atual gestão. Vale a pena ler os dois excelentes textos de Renato Rovai, editor da Revista Fórum, publicados em seu blog:

14 de janeiro de 2011

Chuva, política e jornalismo

Nas últimas eleições, ficou muito clara a atuação da mídia hegemônica como uma espécie de partido (chamado por alguns mais críticos e atentos de PIG, Partido da Imprensa Golpista), com claros projetos políticos elitistas, excludentes, reacionários. A entrevista da professora Marilena Chauí, publicada recentemente na Revista Caros Amigos, e também a entrevista do jurista Fábio Konder Comparato, que vem discutindo democratização da mídia, há muito tempo, nos ajudam a entender esse quadro.
Nos últimos episódios da ocupação militar no complexo do Alemão (questionável sob todos os aspectos) e agora das chuvas no Rio e em São Paulo, acompanhamos, impressionados, a falta de compromisso com um mínimo de seriedade, pesquisa e pluralidade de opiniões. Em quase todas as matérias, em especial da Globo e dos seus jornais, rádios e sites, temos só chavões e imagens que pretendem 1. atingir inimigos políticos (principalmente o ex-presidente Lula, que diminuiu de 90% para 45% a participação da Globo na verba do governo federal para publicidade); 2. eximir de qualquer responsabilidade os protegidos, como os políticos do PSDB e DEM (e protetores, pois este apoio é baseado em muito dinheiro do estado brasileiro transferido para esses meios de comunicação; o governo de São Paulo, por exemplo, dá muito dinheiro à Folha de São Paulo e ao Estadão, de diversas formas; o governo do Rio desviou verba que deveria ser investida na prevenção de desastres decorrentes da chuva para a Fundação Roberto Marinho, como denuncia Luis Nassif, em seu blog, para ler clique aqui ) e 3. negar informação de qualidade à população, como mostra este texto do Observatório da Imprensa. Carta Maior, site organizado por Emir Sader, publica texto muito interessante sobre como o estado pode agir para evitar esse tipo de catástrofe, leia aqui

12 de janeiro de 2011

Atenção

A Revista Le monde diplomatique merece ser lida com atenção. Especialmente o número de janeiro, que está nas bancas (quem está em Maceió pode comprar a versão impressa na banca da praça Centenário, que pode ser chamada de praça, algo raríssimo por aqui). Para começar o ano, a revista reúne vários pensadores que refletem sobre o assustador crescimento da extrema direita, em vários países do mundo, inclusive, no Brasil, como vimos nas eleições do ano passado, com debates pautados em restrições às liberdades das minorias e em obscuras questões religiosas.
É preciso acompanhar com atenção esse quadro, para não sermos engolidos pela intolerância, pela violência e pela estupidez.

Clique no nome da revista e aproveite para conferir as edições anteriores, sempre interessantes. As matérias deste mês serão totalmente liberadas para leitura no site em fevereiro.